:::No sex and the city:::


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envelhecendo

Eu ando cheia de más intenções. Talvez eu até tenha nascido má intencionada e passado parte da vida disfarçando. Até o final da adolescência eu era pudica, cheia de preconceitos, ingênua e sempre que passava o caderninho de recordações no final do ano vinham mensagens que na interpretação soava como “que você continue essa pessoinha medíocre e ingênua”.

Hoje eu estava de pernas para o ar na varanda, ouvindo Coldplay e lendo sobre a chegada da temida velhice. Eu que sou uma balzaquiana tenho de vez em quando terríveis medos de envelhecer. Às vezes me olho no espelho e me deparo com minhas linhas de expressão mais marcantes e fico desconsolada.

Depois passa, até porque em todos os outros quesitos eu me prefiro hoje. Ontem tive um almoço com amigas com quem eu trabalhei há um tempo atrás. Todas são casadas e mais velhas que eu. Enquanto eu desfio meus últimos afetos e desafetos, elas comentam suas crises conjugais. Sinto-me uma adolescente enquanto falo da minha vida agitada enquanto elas parecem preocupadas demais com o dia-a-dia.

E então eu concordo com a matéria que li que envelhecer é um processo diferente do que enxergamos. Fiquei boquiaberta com dona Elza Soares contando sobre sua vida. Que mulher é essa? Como questionou a repórter: de que planeta ela veio? Idosa, mas muito mais jovem do que muitas amigas que tenho [só para citar as que eu conheço], vaidosa, bonitona, festeira, viva. Deu até vontade de envelhecer. E como ela falou, nosso país é preconceituoso demais com a velhice. Por isso preciso ler matérias assim para sair do comum e enxergar com outros olhos a velhice. Temos alguns discursos prontos, mas na real tudo é diferente, ganha uma conotação negativa, nos deixa desconsolada.

Aí eu voltei ao banheiro e até achei minhas pequenas expressões simpáticas. Ri do meus cabelinhos curtos com presilhinhas coloridas, da boca torta pela anestesia dada pelo dentista no final do dia, os olhos curiosos, as pequenas espinhas que insistem ainda em aparecer na lateral do meu rosto esquerdo [só tenho espinha do lado esquerdo…. será alguma disfunção ou um sinal de que o lado esquerdo do meu corpo é prejudicado, incluindo o cérebro?].

Claro que depois do tapa na cara, eu resolvi brindar à minha idosa juventude e passei a noite dançando rock´n roll e claro, voltando às minhas más intenções que fez eu me divertir um bocado no último final de semana e brindar em dobro ontem.

–> ps: passem na minha delicatessen


bluetooth vibrator

Esticando o assunto do post anterior, hoje li no UOL que numa pesquisa no Canadá foi detectado que 82% dos jovens que responderam são praticantes de sexo virtual. Como eu cresci sem computador e o máximo da tecnologia presente na minha vida foi a chegada do video-cassete, eu “ainda” não sou uma praticante do ato, pois não dou conta. Prefiro as provocações.

Já quem nasceu com computador em casa e cresceu fazendo tudo no computador, o sexo é apenas mais uma atividade resolvida também através da tecnologia.

E falando em tecnologia, a descoberta do dia foi o “bluetooth vibrator“, que eu não poderei ter porque o brinquedinho custa módicas 120 libras. A idéia é genial e acompanha a nossa evolução tecnológica. É assim: você compra o kit que vem acompanhado de um celular e as vibrações variam de acordo com a mensagem enviada. O site ainda complementa: você diz o que sente e o vibrador faz o resto.

O ideal deve ser receber mensagens longas, pois imagino que um mero “oi” deve provocar apenas um choquinho. Fico imaginando passar o dia com um brinquedinho desse. Estou trabalhando e de repente recebo um torpedo! O duro é se manter ilesa na cadeira e claro, manter a pose e não ficar virando os olhinhos em pleno expediente.

E pergunto o mesmo que a minha amiga “será que se a mensagem for escrita em maiúscula, a vibração será mais forte?’.


segundo encontro

Raramente um “ficante” de balada ultrapassa a porta do local com você, a não ser que seja para ir parar no seu quarto e, provavelmente, sumir na seqüência. Alguns casos fogem à regra, você recebe um telefonema inesperado e então vem o [muitas vezes temido] segundo encontro.

Baladas são geralmente escuras, o que melhora a aparência de quem as frequenta. E ainda a intensa produção a qual nos entregamos para ficarmos mais “atraentes”, porque como disse uma amiga, quem para a pista é porque alguma coisa quer, mesmo não assumindo nem para si mesma. O alcool dá o toque final e melhora ainda mais.

Resumindo: geralmente a pessoa com quem você fica muitas vezes não é a que você encontra no segundo encontro.

Segundo encontro é cada vez mais raro e gera uma certa expectativa. Eu tive alguns e apenas um vingou em namoro. O duro do segundo encontro é domar a nossa própria insegurança. Geralmente imaginamos ele [fisicamente] melhor do que é, o que faz a gente acreditar que ele também tem uma visão de uma pessoa que não é você [sempre achamos que ele tem uma lembrança melhor do que somos na verdade… isso sim é o nosso pocinho de insegurança].

Eu já fui para segundo encontros com as mais temíveis dúvidas. O que rendeu em namoro, eu tinha cismado que ele estava bem acima do peso, apesar de não acha-lo gordinho quando ficamos juntos, mas a camisa larga dele parecia esconder alguma coisa e escondia o que eu já imaginava, uma barriga não muito atrativa. Claro que isso não foi um empecilho para meu interesse se esvair no primeiro sorriso. Ao contrário, eu fiquei de quatro e me apaixonei. Armadilhas do coração, claro.

Tive uns encontros bem desastrosos. Uns em que eu pareci até mais do que o outro imaginou e outros em que eu era muito menos do que ele esperava. Em uns eu fugi do terceiro encontro, em outros eu acendi velinha para ele rolar e não rolou.

Uma amiga me contou que para ela o segundo encontro foi quase traumatizante. Ela estava bem nervosa com os pensamentos normais desse momento: e se ele não gostar de mim? Pois bem, assim que o encontrou, a primeira frase dele foi “nossa! como você é baixinha!”.

Eu já tive todas as impressões possíveis do que acharam de mim no segundo encontro que eu falava demais, que eu era decidida demais, que eu era independente demais, que eu era feia demais, que eu era magra demais, que eu era legal demais.

Alguns valiam a pena, outros não. Hoje lendo a coluna da Antonia Pellegrino na TPM, eu concordo quando ela questiona se o amor saiu de moda. As pessoas estão mesmo cada vez com mais medo de se envolver, o que faz um segundo encontro ser cada vez mais raro. E eu romântica como sou, sofro um monte por causa desse nosso mundinho moderno & confuso.

Pergunta a um amigo, mas respondida por uma amiga:

– O que faz você fugir de alguém?

– Achar que a pessoa está se envolvendo comigo. – responde ela sem titubear


matraca

Hoje fiquei brava porque um amigo que gosto muito andou falando mal de mim. O problema nem é falar mal, mas é falar mal de mim para um grande amigo meu, que aliás, foi eu que o apresentei. E além de falar mal de mim, acha que sou louca por ele. Pois bem, louca eu não sou. Louca sou de um dia ter cogitado a idéia de ficar com ele.

Ele é D, o tal “ex-pretê na roda”. Diante da minha indignação pelos comentários tecidos por D., eu resolvi coloca-lo temporariamente na geladeira, o que representou deleta-lo das teias cibernéticas que nos ligavam. Claro que ele percebeu e perguntou se eu tinha batido a cabeça. Ignorei.

É isso, nunca deixe uma mulher furiosa, pois tendemos à vingança, mesmo que ela não seja necessariamente uma vingança clara. Depois, já no carro em direção à minha casa e com D na minha lixeirinha ciber, eu comentava indignada com a minha amiga o que D falou a meu respeito.

Ela concordou num ponto: como ele fala mal de mim para o meu amigo? É, esse foi o erro dele, porque como podemos falar tão mal do mundo o tempo inteiro?

Eu já fui uma pessoa mais bacana e ultimamente ando uma pecadora compulsiva. Talvez sejam as más influências, porque há fases que sou assim: altamente influenciável, em especial quando estou na tpm. E ando falando mal mais do que deveria [vários puxões de orelhas, por favor!]. Um hábito adquirido há pouco tempo, mas que tem me tornado uma pessoa detestável.

Obviamente eu não tinha sacado isso. Cá estou revendo esse meu ladinho “big brother” e me colocando na linha, senão eu corto alguns dos meus pequenos prazeres em vingança a mim mesma.

Homem fala mal das pessoas, mas num grau muito inferior às mulheres. Como podemos achar defeito em tudo, criar um problema em pequenas bobagens e achar desvio de caráter no mundo e achar que somos as únicas ótimas e perfeitas?

Pois bem: aqui está meu manifesto contra minha boca, que será daqui por diante mais generosa [ou muda] em relação ao mundo. Ah, e claro, hora de falar menos [também não é calar a boca para sempre], porque mulher que fala demais é muito chato e acho que muitos dizem por aí:

– Ela é legal, mas falaaaaaaaaaaaaaaaaaa que é uma coisa!

Já está na minha listinha básica de coisas que quero fazer e eu chego lá.


dedos mágicos

Tenho alguns amigos gays, mas poucas amigas lésbicas. Estou acostumada a ouvir deles as histórias mais surreais do planeta, já em relação a elas para mim tudo parece muito velado. Geralmente elas não me contam nada e eu fico curiosa em saber como as coisas rolam.

Eis que vem uma confissão na mesa do almoço. Tudo começou numa festa que fomos num final de semana. Minha amiga estava animadinha e parecia um ventilador, tanto virava a cabeça para ver a mulherada que chegava. O tipo ideal apareceu, mas acompanhada e ela foi enchendo a cara o suficiente para ficar mais generosa na escolha.

A essas alturas, uma outra amiga que nem é do babado também virava copos e copos. Enquanto uma pulava, a outra ia caindo cadeira abaixo. Eu, mais sóbria do que nunca, me divertia com a situação. Fui dar umas voltinhas e quando voltei, me deparei com as duas se agarrando. Ri e não acreditei. Ela com ela? Ahn?

No dia seguinte fomos todos almoçar [com exceção da minha segunda amiga] e já chegamos colocando a primeira na parede:

– E aí, ela dormiu no seu apê?

– Claro que não. Me deixou lá e foi embora.

E então tirou o celular da primeira amiga da bolsa e pediu para eu devolver a ela.

– Ué, mas como ela esqueceu o celular com você se foi ela quem te deu carona?

Tempo vazio, comida na boca, chama o garçom, acende um cigarro, ri.

E os três olhando para ela esperando uma resposta.

– Ela dormiu lá.

– Ahhhhh – quase em coro!

– Mas conta, o que rolou?

– Não rolou nada. Ela chegou, deitamos e dormimos.

– Sei. Conta logo!

E a cada espremida, um detalhe vinha à tona. No final tinha rolado tudo e ela estava passada com a habilidade da nossa amiga que nem do babado é, mas foi a mais ativa que ela cruzou na vida, que a fez ver estrelinhas tão rapidamente, já que nossa amiga parece ser dona de dez dedos mágicos e sabe bem o que fazer com cada um deles.

Os detalhes foram pra lá de generosos e eu não ouso compartilhar. A dona dos dedos mágicos virou para minha amiga a “referência”. De acordo com P a dona dos dedos mágicos é dez e P já anda sofrendo com as comparações que fez depois da intervenção da dona dos dedos mágicos na sua vida.

Até eu fiquei curiosa com tal habilidade!!! Afinal não é sempre que você ouve [ou conhece] alguém dizer que alguém tem dedos mágicos.

ps: meu blog sempre fica mais picante quando minha vida está no banho-maria


meus passeios virtuais

Há sites que fazem eu esquecer do tempo e me deliciam. Ao invés de ter um delicious, eu optei por uma delicatessen, que é um blog anexo [já estava na hora de ter um “puxadinho”] com os links que fazem a minha cabeça no dia-a-dia.

Ainda está nascendo…. mas todo dia terão destinos novos.


madrugada picante… mas só no papo

Após um dia andando pra cima e pra baixo, eu arriei cedo na minha cama, mas claro, isso durou pouco, pois meu celular após às 21h de qualquer sábado assemelha-se a uma central telefônica. À 0h eu virava uma garrafa de vinho com um amigo enquanto assistíamos “Matrimônio à italiana” com os belíssimos Sophia Loren e Marcelo Mastroianni. Queria eu ter aqueles lábios carnudos e oferecidos da dona Loren.

Olho no espelho e parece que minha boca simplesmente sumiu após passar quase duas horas com a bocuda engolindo a tela da minha tv.

Depois chegaram outras pessoas e aí vieram outras e à 1h30 o grupo na minha sala já era outro. Éramos três balzaquianas e um amigo intruso. Claro que a essa hora da madrugada e embalados por um beck, o assunto era sexo.

Uma era a mais nova balzaquiana da roda, outra já tinha enfiado os dois pés na fase e a terceira caminha para a era da loba. Todas em plena forma, com os hormônios ululantes e se sentindo no auge dos seus vinte anos. O ouvinte da roda estava também na nossa faixa etária e dava vários pitacos na nossa conversa.

– É, sexo oral não dá para fazer na primeira.

– Eu também acho, mas olha, com o russo não deu para segurar. Ele chegou abrindo minhas pernas e me fez ver estrelas enquanto me devorava. Eu não ia mais vê-lo, então não deu para perder a oportunidade.

– Eu faço só a partir da terceira vez.

– Ai, eu nunca aguento esperar. Adoro. Vejo e já quero colocar a boca. Sabe, criança? É igual.- Há mais homens que não sabem fazer do que os que sabem fazer.

– Então eu dei mais sorte que você.

– Talvez você tenha feito menos sexo que eu.

– Eu prefiro que façam em mim a fazer nele.

– Ahhh… eu já prefiro mil vezes fazer!!!

– Sério?

– Sim… me dá um tesão danado. Você goza com sexo oral?

– Não. Pra mim é um caminho para chegar lá, mas tem que rolar o finalmente.

– É, eu também não consigo.

– Como não?? Eu tenho é que me segurar.

– Ah, quando eu fazia sexo oral na minha ex, eu sempre ficava cansado. Aí eu ficava com a língua dura e começava a mexer a cabeça. – fala o único homem da roda e mostra como era e todo mundo ri

– Credo! Jura que você fazia isso?

– É, ela olhava e dizia: você está cansado, né?

– Pra mim nada melhor que um 69.

– Jura? Eu não consigo. Não tenho coordenação motora. Ou faço. Ou recebo. As duas coisas ao mesmo tempo comigo não funciona.

– Como não?

– É, simplesmente não funciona.

– Qual é a posição mais fácil para fazer você gozar?

– Eu morro com a posição “indiozinho”.

– Indiozinho? – os outros três que ouvem exclamam e é mostrado como é a tal posição

– Hahahahahahahaha… – os três riem – Mas é bom demais mesmo desse jeito. – concorda uma

– Eu gosto de costas, deitada e com o corpo suspenso.

– Como assim? Mostra.

E é feita a demonstração.

– Jura?

– Sim. E olha, tenho que me segurar, porque vem que vem, viu?

– Papai e mamãe eu acho um perigo.

Ninguém dá atenção a esse trecho.

– E odeio quando o cara já chega metendo a mão em tudo. Tem que ter muito beijo na boca.

– É, concordo. Mal te beija e já está enfiando a mão nos seus peitos.

– E aqueles que te dá um beijo e já leva sua mão para o pau dele?

– Ahhh… não dá! Não é assim que funciona.

– Olha, eu me masturbo desde os seis anos de idade. Fui transar pela primeira vez já com 20. E claro, não enfiava o dedo porque na santa inocência eu achava que ia perder a virgindade. Então imagina quando rolou? Não dá para chegar enfiando. Tem que ter um trabalhinho antes.

– É, eu só gozo se houver um estímulo. Tem que me tocar.

– Se eu estiver de costas nem precisa. É a única forma que eu consigo gozar sem ser tocada.

– Jura? Eu só consigo gozar se me tocam.

– E vocês não acham que quando chegamos aos 30 as coisas pioram?

– Com certeza. Eu estou muito pior. Quero muito mais do que antes. Esse papinho de que garota de 20 anos tem mais apetite é uma mentira.

– Eu também acho. Minha disposição hoje é muito maior do que quando eu tinha 20 anos.

– Eu prefiro os mais novos.

– Eu também. Eles tem mais disposição.

– Mas tem que ter qualidade, né? Chegar que nem coelhinho e mandar ver não dá.

E todas imitam um coelhinho e gargalham.

Placebo que estava tocando acaba. Hora de ir embora. Todos se despedem e se vão. Ficamos em duas na sala.

– Vem cá, quero contar o que rolou – diz minha amiga

Eu que ando numa abstinência de dar medo, não me sinto muito disposta para ouvir. O almoço já tinha sido recheado de picardias de uma amiga que terminou um namoro de muitos e muitos, mas muitos anos e foi passar dez dias no Rio. Aprontou até não querer mais. E eu apenas disse:

– Preciso viajar um pouco. Tudo rola quando não estamos na nossa cidade.

E enquanto minha traga seu cigarro, esboça um sorriso maroto e fica levemente vermelha, me conta sem muitos detalhes como foi sua primeira noite com meu ex-pretê. A descrição faz eu ter certeza de que não rolava mesmo química entre nós. Ela ainda arrisca:

– Jura que isso tudo não te chateia?

– Ai ai ai… já falei um montão de vezes que não. Quando nos beijamos, eu saquei que não tinha química. Então pra que tentar ir adiante?

– É, se não rola química não tem jeito. Comigo já rolou uma química legal.

– Então aproveita!! Boa noite…

E passei a noite sendo devorada pelo Bono Vox.


encalhada?

Eu tenho um sobrinho que é dez ano mais novo que eu e adora pegar no meu pé. No dia de boa moça lá fui eu visitar a família, me deliciar com a comidinha da mamãe, ficar jogada no sofá vendo novela e ainda tomar um chá com pãozinho francês [ah, francês!] antes de dormir acompanhada dos latidos dos cachorros.

Onde moro meu som noturno são buzinas, gritos e som alto. Sinto falta dos cachorros. Quando passei uma curta temporada em Londres, meu amigo que me abrigou disse que sentia saudades dos latidos noturnos, pois em Londres os cachorros não latiam. Comecei a reparar e durante o tempo que estive lá nunca ouvi um latido. Isso me deprimiu.

E lá estava eu folheando uma revista feminina e entrando numa crise histérica quando meu sobrinho resolveu abrir a boca e perguntar exatamente o que eu não queria responder:

– Tia [odeio quando ele me chama assim] você tá namorando?

– Não.

– Sei. Você não tem medo de ficar encalhada?

– Encalhada? Como assim?

– Sei lá. Talvez como suas primas. A maioria já chegou aos 40, estão mais chatas do que nunca e solteiras.

– Somos diferentes.

– Como? Todas solteiras. Você é apenas mais nova, mas o restante é tudo igual.

– Estou chata?

– Chata? Não, ainda não está chata, mas acho que tá cada vez mais teimosa. Deveria arrumar um namorado. Você sempre fica mais legal quando tá namorando.

– Não quero namorar agora.

– Não quer namorar ou ninguém quer namorar com você?

– Ai, que papo mais chato. Podemos falar de outra coisa?

– Vai começar o Big Brother. Vou pensar em algum amigo pra te apresentar.

– Vai tomar no c*.

É, não fui muito delicada no desfecho da minha conversa. Depois fiquei me perguntando o porquê de ter ficado tão irritada. No fundo a gente sempre quer alguém e quando esse alguém não aparece, a gente finge que está melhor sozinha. Esse papo de “dar um tempo para me curtir” é pura balela. Falamos isso para não afetar a nossa auto-estima.

Ficar sozinha tem suas vantagens e elas são até maiores do que estar com alguém, ainda mais alguém como eu que vive mudando de idéia, sempre quer fazer alguma coisa, não consegue se desgrudar dos amigos, adora festas. Todas as crises que tive no meu último namoro foram justamente relacionadas por esses motivos.

– Você não consegue viver sem seus amigos.

– Amo meus amigos.

– Acho que eles influenciam demais você.

– Você fala isso porque tem ciúmes dos meus amigos

E a briga começava.

– Estou numa fase de querer ficar mais em casa.

E então passávamos um mês sem sair à noite e eu quase enlouquecia até ouvir:

– Se você quer sair, vá. Eu não preciso ir junto.

E eu me perguntava o porquê de eu ceder a fase dele, afinal eu poderia sair com meus amigos. Eu tinha esquecido de mim! Malditas mulheres passivas que nos tornamos quando estamos de quatro por alguém.

– Hoje tem uma festa, vamos?

– Não to afim, mas vai lá.

– Hmmm… ok. Eu vou! Vai todo mundo e eu estou com saudades.

– Legal. Divirta-se.

E então o clima ia mudando aos pouquinhos. Ele ficava mal-humorado e alegava que não estava bem. Quando eu me dava conta eu estava virando a madrugada em casa com ele. Ou se eu ia, no dia seguinte o clima entre nós era insuportável, mas sempre alegando “o problema é comigo, não tem nada a ver com você”.

Quando lembro disso tudo, eu chego à conclusão que é ótimo não ter que dar satisfação e não abrir mão das coisas que gosto.

Na contra-partida, é claro que eu queria ter alguém. Sei lá, sinto uma falta imensa de me apaixonar, de ouvir “eu te amo”, de ter alguém para dormir abraçadinho, de fazer planos com alguém, de fazer surpresinhas para alguém, de fazer sexo regularmente [ok, não precisa namorar para isso, mas enfim… isso é outra história], de ficar debaixo das cobertas vendo dvd e comendo pipoca, de beijar alguém no cinema no final do filme, de alguém me ligar para dizer que está com saudades e quer me ver e outras coisinhas.

Se eu sinto medo de ficar sozinha? Sinto, por mais que eu cerre os dentes para assumir isso. Não sei como os homens se sentem em relação a isso, mas a maioria da mulherada que conheço tem medo e não assume [como eu costumo não assumir também].

E enquanto essa paixão avassaladora não bate na minha porta, eu continuo me divertindo com meus amigos e minha insanidade, que está numa fase ótima.


momento “mulherzinha”

Os melhores papos femininos rolam em institutos de beleza. Até veio a minha relapsa mente o filme “Instituto de beleza Vênus“, um filme francês bacana estrelado pela queridinha Audrey Tatou dois anos antes de estourar como Amèlie Poulain, mas a história aqui é outra.

Como estou em dias tpmístico [mesmo sem estar na tpm, mas tenho que ter um motivo para justificar meu mal humor] eu resolvi me dar alguns mimos: uma sessão de massagem, manicure, pedicure e me atualizar com a Revista Caras.

Ir a um salão [odeio essa palavra] de beleza fazer pé/mão sem ver uma Contigo! ou uma Caras não tem a menor graça, afinal tem que ter um lugar para a gente se informar do universo das fofoquinhas, que convenhamos é fútil, mas faz parte da nossa natureza humana “feminina” querer saber tudo.

Enquanto uma cuidava dos pés e a outra das mãos, eu folheava a Caras e me inteirava das “notícias”. Quando as duas mãos estavam sendo trabalhadas, eu parti para a atividade 2 de um salão de beleza: ouvir a conversa alheia. Uma delícia!

Eram quatro amigas e o papo era “aliança”. Uma mostrava feliz da vida a aliança que ganhou:

– É modelo novo da Vivara. Não é linda?

– Da Vivara? Como você é chique! E que pedras são essas?

– Brilhantes.

– Brilhantes?

Pensei quanto deveria custar um brilhante. É caro? É barato? Eu nunca tive uma aliança e não uso nenhum acessório, por isso não entendo patavina de jóias.

Quer dizer, vou confessar: numa fase desalentada da minha vida eu me envolvi com um cara comprometido com uma moça que gostava de jóias. Ele dizia:

– Eu prefiro quando ela está de jeans, camiseta branca e keds, mas ela é tão patricinha.

– Keds? – como alguém pode gostar que alguém use keds [ok, isso faz tempo e acho que na época era moda. Eu nunca tive um keds]

– É. Ela fica tão bonita de keds.

– Eu odeio keds.

– Você é despojada. Ela poderia ser como você.

– Ué, se ela poderia ser como eu, porque ele estava comprometido com ela e não comigo. – eu pensava

E então ele me levava na Montecristo no Shopping Iguatemi para ajuda-lo a escolher uma jóia para ela. Eu vou para o céu. Além de me envolver com um rapaz comprometido, eu ainda o ajudava a escolher jóias para a tal noiva. Era muita cara de pau.

Ah, mas confesso: eu adorava!!! Achava o máximo vê-la usando algo que eu escolhi. É, foi uma história sacana que vivi na vida, porque se a gente não tem uma história sacana pra contar, não tem graça. E ela tinha que beijar meus pés, porque eu arrasava nas escolhas e neste caso eu não sentia a menor inveja, já que eu não gosto de jóias.

Saímos sempre felizes da vida da loja, eu carregando o presente e o vendedor achando que éramos um casal formidável e que eu era uma moça de muita sorte, já que passava por lá mais uma vez por mês.

E mesmo assim eu não sei quanto um brilhante custa. Não lembro se compramos brilhantes. Eu não me interessava pelas pedras ou pelo valor da jóia. Eu me interessava pela estética dela e nunca soube quanto ele pagou por qualquer jóia que eu tenha escolhido. E eu sei que sou daquelas que tudo que gosto é sempre o mais caro [por isso me ferro tanto nas minhas finanças]. O caso durou pouco, mas como éramos amigos, eu continuei escolhendo as jóias.

E a moça ali com a mão esticada mostrando sua aliança de brilhantes. Era uma aliança de compromisso. O cabelereiro soltou:

– Coitado! Você encoleirou mesmo, hein? – e todos riram

– Eu expliquei para ele que uma aliança não quer dizer nada. Eu queria apenas uma aliança. E namoramos há três anos e eu achei que merecia uma. Não é linda? – e esticava o dedão e sorria satisfeita

As três amigas riam e falavam ao mesmo tempo.

– O meu namorado nunca vai me dar uma aliança. Se eu pedir uma aliança para ele, é capaz dele terminar o namoro. Já é provável que queira terminar comigo quando ver minhas unhas vermelhas.

– Não entendo como homem pode não gostar de unhas vermelhas. São lindas. – consolava a amiga

E a outra abria as mãos branquinhas e finas mostrando suas longas unhas vermelhas. Pensei em deixar as minhas vermelhas também, mas aí olhei e achei elas curtinhas demais para pinta-las de vermelho. Mãos pequenas, unhas pequenas. Gosto de mãos, mas tenho pânico que as minhas envelheçam. As mãos sempre entregam tudo!

Uma mais animada perguntou quando ela ficaria noiva. Ou seja, ela só queria uma aliança porque achava bonito, mas respondeu que em breve, afinal eram três anos de namoro, ela pediria uma aliança de noivado.

Às vezes nem eu entendo as mulheres. Ontem quando minha amiga desolada pelo aparente descaso de D [vide post “ex-pretê na roda”] confessou:

– Eu não entendo ele.

– Ué, mas como entende-lo se você vive dizendo que não se entende.

Isso sim eu não entendo. Eu me entendo tão pouco e acho que estou piorando. Acho muita pretensão querer entender as pessoas. A gente tenta, mas no fundo a gente não entende nada.

Agora vou enterrar a cabeça no travesseiro e voltar a Charles Bukowski, que tem sido minha companhia nessas noites solitárias.

–> ouvindo Bloc Party


momento histérico

Tenho meus momentos histéricos, afinal quem está livre deles? Ontem enquanto folheava uma revista feminina e lia um artigo sobre feminilidade, eu me perguntei e noiei “sou feminina ou não?”. Mandei um torpedo com a questão para meus dois melhores amigos, que costumam ser as pessoas mais sinceras possíveis [o problema está no “possíveis”].

Esperei na maior agonia e ninguem respondia. Eu os teria colocado num bico de sinuca? Longos minutos depois um deles me liga e já pergunta com um tom preocupado [era para responder e não perguntar]:

– Aconteceu alguma coisa?

– Claro que não. Apenas noiei.

A conversa transcorreu sobre todos os assuntos possíveis, inclusive sobre o Big Brother, que ambos assumiram estarem assistindo naquele momento, mas em nenhum momento minha feminilidade e meu charme foram incluídos na conversa.

Desliguei sem a resposta. Uma hora depois o segundo responde via SMS mesmo:

– Claro que sim!

Espero que ele não tenha mentido, pois a pergunta ainda martela hoje na minha cabeça, já que continuo em um momento histerico-inseguro-idiota-infantil. Antes de dormir ainda fiz as continhas para ver se eu estava na tpm, já que uma espinha despontava bem no meio da bochecha e a neura poderia ter alguma ligação com esse momento feminino altamente vulnerável. Não, mas no sonho eu menstruei o ano inteiro e mesmo assim a tpm irreal permanece impregnada em mim.

Hoje só vou ouvir Air, Arcade Fire e outras bandas fofas que não vão me exaltar.

O maior problema nesses momentos histéricos é que pensamos no ex que já esquecemos e ficamos imaginando o quanto seria bom estarmos juntos. Dá aquela vontade de ligar, mandar torpedo, dizer que está com saudades. E tudo isso parece tão real. O problema é que ele sempre sabia quando eu estava de tpm e pode desconfiar que tudo não passa de um mero momento vulnerável e histérico.

Agora me fale se não é a Björk cantando em “I´m sleeping in a submarine” do Arcade Fire? Eu queria tanto ter aquela voz infantil.

Estou naqueles dias que pedimos para o mundo fazer um pit stop para podermos tomar um pouquinho de ar e refrescar. No meu caso, eu queria uma taça de champagne.