:::No sex and the city:::


madrugada picante… mas só no papo

Após um dia andando pra cima e pra baixo, eu arriei cedo na minha cama, mas claro, isso durou pouco, pois meu celular após às 21h de qualquer sábado assemelha-se a uma central telefônica. À 0h eu virava uma garrafa de vinho com um amigo enquanto assistíamos “Matrimônio à italiana” com os belíssimos Sophia Loren e Marcelo Mastroianni. Queria eu ter aqueles lábios carnudos e oferecidos da dona Loren.

Olho no espelho e parece que minha boca simplesmente sumiu após passar quase duas horas com a bocuda engolindo a tela da minha tv.

Depois chegaram outras pessoas e aí vieram outras e à 1h30 o grupo na minha sala já era outro. Éramos três balzaquianas e um amigo intruso. Claro que a essa hora da madrugada e embalados por um beck, o assunto era sexo.

Uma era a mais nova balzaquiana da roda, outra já tinha enfiado os dois pés na fase e a terceira caminha para a era da loba. Todas em plena forma, com os hormônios ululantes e se sentindo no auge dos seus vinte anos. O ouvinte da roda estava também na nossa faixa etária e dava vários pitacos na nossa conversa.

– É, sexo oral não dá para fazer na primeira.

– Eu também acho, mas olha, com o russo não deu para segurar. Ele chegou abrindo minhas pernas e me fez ver estrelas enquanto me devorava. Eu não ia mais vê-lo, então não deu para perder a oportunidade.

– Eu faço só a partir da terceira vez.

– Ai, eu nunca aguento esperar. Adoro. Vejo e já quero colocar a boca. Sabe, criança? É igual.- Há mais homens que não sabem fazer do que os que sabem fazer.

– Então eu dei mais sorte que você.

– Talvez você tenha feito menos sexo que eu.

– Eu prefiro que façam em mim a fazer nele.

– Ahhh… eu já prefiro mil vezes fazer!!!

– Sério?

– Sim… me dá um tesão danado. Você goza com sexo oral?

– Não. Pra mim é um caminho para chegar lá, mas tem que rolar o finalmente.

– É, eu também não consigo.

– Como não?? Eu tenho é que me segurar.

– Ah, quando eu fazia sexo oral na minha ex, eu sempre ficava cansado. Aí eu ficava com a língua dura e começava a mexer a cabeça. – fala o único homem da roda e mostra como era e todo mundo ri

– Credo! Jura que você fazia isso?

– É, ela olhava e dizia: você está cansado, né?

– Pra mim nada melhor que um 69.

– Jura? Eu não consigo. Não tenho coordenação motora. Ou faço. Ou recebo. As duas coisas ao mesmo tempo comigo não funciona.

– Como não?

– É, simplesmente não funciona.

– Qual é a posição mais fácil para fazer você gozar?

– Eu morro com a posição “indiozinho”.

– Indiozinho? – os outros três que ouvem exclamam e é mostrado como é a tal posição

– Hahahahahahahaha… – os três riem – Mas é bom demais mesmo desse jeito. – concorda uma

– Eu gosto de costas, deitada e com o corpo suspenso.

– Como assim? Mostra.

E é feita a demonstração.

– Jura?

– Sim. E olha, tenho que me segurar, porque vem que vem, viu?

– Papai e mamãe eu acho um perigo.

Ninguém dá atenção a esse trecho.

– E odeio quando o cara já chega metendo a mão em tudo. Tem que ter muito beijo na boca.

– É, concordo. Mal te beija e já está enfiando a mão nos seus peitos.

– E aqueles que te dá um beijo e já leva sua mão para o pau dele?

– Ahhh… não dá! Não é assim que funciona.

– Olha, eu me masturbo desde os seis anos de idade. Fui transar pela primeira vez já com 20. E claro, não enfiava o dedo porque na santa inocência eu achava que ia perder a virgindade. Então imagina quando rolou? Não dá para chegar enfiando. Tem que ter um trabalhinho antes.

– É, eu só gozo se houver um estímulo. Tem que me tocar.

– Se eu estiver de costas nem precisa. É a única forma que eu consigo gozar sem ser tocada.

– Jura? Eu só consigo gozar se me tocam.

– E vocês não acham que quando chegamos aos 30 as coisas pioram?

– Com certeza. Eu estou muito pior. Quero muito mais do que antes. Esse papinho de que garota de 20 anos tem mais apetite é uma mentira.

– Eu também acho. Minha disposição hoje é muito maior do que quando eu tinha 20 anos.

– Eu prefiro os mais novos.

– Eu também. Eles tem mais disposição.

– Mas tem que ter qualidade, né? Chegar que nem coelhinho e mandar ver não dá.

E todas imitam um coelhinho e gargalham.

Placebo que estava tocando acaba. Hora de ir embora. Todos se despedem e se vão. Ficamos em duas na sala.

– Vem cá, quero contar o que rolou – diz minha amiga

Eu que ando numa abstinência de dar medo, não me sinto muito disposta para ouvir. O almoço já tinha sido recheado de picardias de uma amiga que terminou um namoro de muitos e muitos, mas muitos anos e foi passar dez dias no Rio. Aprontou até não querer mais. E eu apenas disse:

– Preciso viajar um pouco. Tudo rola quando não estamos na nossa cidade.

E enquanto minha traga seu cigarro, esboça um sorriso maroto e fica levemente vermelha, me conta sem muitos detalhes como foi sua primeira noite com meu ex-pretê. A descrição faz eu ter certeza de que não rolava mesmo química entre nós. Ela ainda arrisca:

– Jura que isso tudo não te chateia?

– Ai ai ai… já falei um montão de vezes que não. Quando nos beijamos, eu saquei que não tinha química. Então pra que tentar ir adiante?

– É, se não rola química não tem jeito. Comigo já rolou uma química legal.

– Então aproveita!! Boa noite…

E passei a noite sendo devorada pelo Bono Vox.


encalhada?

Eu tenho um sobrinho que é dez ano mais novo que eu e adora pegar no meu pé. No dia de boa moça lá fui eu visitar a família, me deliciar com a comidinha da mamãe, ficar jogada no sofá vendo novela e ainda tomar um chá com pãozinho francês [ah, francês!] antes de dormir acompanhada dos latidos dos cachorros.

Onde moro meu som noturno são buzinas, gritos e som alto. Sinto falta dos cachorros. Quando passei uma curta temporada em Londres, meu amigo que me abrigou disse que sentia saudades dos latidos noturnos, pois em Londres os cachorros não latiam. Comecei a reparar e durante o tempo que estive lá nunca ouvi um latido. Isso me deprimiu.

E lá estava eu folheando uma revista feminina e entrando numa crise histérica quando meu sobrinho resolveu abrir a boca e perguntar exatamente o que eu não queria responder:

– Tia [odeio quando ele me chama assim] você tá namorando?

– Não.

– Sei. Você não tem medo de ficar encalhada?

– Encalhada? Como assim?

– Sei lá. Talvez como suas primas. A maioria já chegou aos 40, estão mais chatas do que nunca e solteiras.

– Somos diferentes.

– Como? Todas solteiras. Você é apenas mais nova, mas o restante é tudo igual.

– Estou chata?

– Chata? Não, ainda não está chata, mas acho que tá cada vez mais teimosa. Deveria arrumar um namorado. Você sempre fica mais legal quando tá namorando.

– Não quero namorar agora.

– Não quer namorar ou ninguém quer namorar com você?

– Ai, que papo mais chato. Podemos falar de outra coisa?

– Vai começar o Big Brother. Vou pensar em algum amigo pra te apresentar.

– Vai tomar no c*.

É, não fui muito delicada no desfecho da minha conversa. Depois fiquei me perguntando o porquê de ter ficado tão irritada. No fundo a gente sempre quer alguém e quando esse alguém não aparece, a gente finge que está melhor sozinha. Esse papo de “dar um tempo para me curtir” é pura balela. Falamos isso para não afetar a nossa auto-estima.

Ficar sozinha tem suas vantagens e elas são até maiores do que estar com alguém, ainda mais alguém como eu que vive mudando de idéia, sempre quer fazer alguma coisa, não consegue se desgrudar dos amigos, adora festas. Todas as crises que tive no meu último namoro foram justamente relacionadas por esses motivos.

– Você não consegue viver sem seus amigos.

– Amo meus amigos.

– Acho que eles influenciam demais você.

– Você fala isso porque tem ciúmes dos meus amigos

E a briga começava.

– Estou numa fase de querer ficar mais em casa.

E então passávamos um mês sem sair à noite e eu quase enlouquecia até ouvir:

– Se você quer sair, vá. Eu não preciso ir junto.

E eu me perguntava o porquê de eu ceder a fase dele, afinal eu poderia sair com meus amigos. Eu tinha esquecido de mim! Malditas mulheres passivas que nos tornamos quando estamos de quatro por alguém.

– Hoje tem uma festa, vamos?

– Não to afim, mas vai lá.

– Hmmm… ok. Eu vou! Vai todo mundo e eu estou com saudades.

– Legal. Divirta-se.

E então o clima ia mudando aos pouquinhos. Ele ficava mal-humorado e alegava que não estava bem. Quando eu me dava conta eu estava virando a madrugada em casa com ele. Ou se eu ia, no dia seguinte o clima entre nós era insuportável, mas sempre alegando “o problema é comigo, não tem nada a ver com você”.

Quando lembro disso tudo, eu chego à conclusão que é ótimo não ter que dar satisfação e não abrir mão das coisas que gosto.

Na contra-partida, é claro que eu queria ter alguém. Sei lá, sinto uma falta imensa de me apaixonar, de ouvir “eu te amo”, de ter alguém para dormir abraçadinho, de fazer planos com alguém, de fazer surpresinhas para alguém, de fazer sexo regularmente [ok, não precisa namorar para isso, mas enfim… isso é outra história], de ficar debaixo das cobertas vendo dvd e comendo pipoca, de beijar alguém no cinema no final do filme, de alguém me ligar para dizer que está com saudades e quer me ver e outras coisinhas.

Se eu sinto medo de ficar sozinha? Sinto, por mais que eu cerre os dentes para assumir isso. Não sei como os homens se sentem em relação a isso, mas a maioria da mulherada que conheço tem medo e não assume [como eu costumo não assumir também].

E enquanto essa paixão avassaladora não bate na minha porta, eu continuo me divertindo com meus amigos e minha insanidade, que está numa fase ótima.


momento “mulherzinha”

Os melhores papos femininos rolam em institutos de beleza. Até veio a minha relapsa mente o filme “Instituto de beleza Vênus“, um filme francês bacana estrelado pela queridinha Audrey Tatou dois anos antes de estourar como Amèlie Poulain, mas a história aqui é outra.

Como estou em dias tpmístico [mesmo sem estar na tpm, mas tenho que ter um motivo para justificar meu mal humor] eu resolvi me dar alguns mimos: uma sessão de massagem, manicure, pedicure e me atualizar com a Revista Caras.

Ir a um salão [odeio essa palavra] de beleza fazer pé/mão sem ver uma Contigo! ou uma Caras não tem a menor graça, afinal tem que ter um lugar para a gente se informar do universo das fofoquinhas, que convenhamos é fútil, mas faz parte da nossa natureza humana “feminina” querer saber tudo.

Enquanto uma cuidava dos pés e a outra das mãos, eu folheava a Caras e me inteirava das “notícias”. Quando as duas mãos estavam sendo trabalhadas, eu parti para a atividade 2 de um salão de beleza: ouvir a conversa alheia. Uma delícia!

Eram quatro amigas e o papo era “aliança”. Uma mostrava feliz da vida a aliança que ganhou:

– É modelo novo da Vivara. Não é linda?

– Da Vivara? Como você é chique! E que pedras são essas?

– Brilhantes.

– Brilhantes?

Pensei quanto deveria custar um brilhante. É caro? É barato? Eu nunca tive uma aliança e não uso nenhum acessório, por isso não entendo patavina de jóias.

Quer dizer, vou confessar: numa fase desalentada da minha vida eu me envolvi com um cara comprometido com uma moça que gostava de jóias. Ele dizia:

– Eu prefiro quando ela está de jeans, camiseta branca e keds, mas ela é tão patricinha.

– Keds? – como alguém pode gostar que alguém use keds [ok, isso faz tempo e acho que na época era moda. Eu nunca tive um keds]

– É. Ela fica tão bonita de keds.

– Eu odeio keds.

– Você é despojada. Ela poderia ser como você.

– Ué, se ela poderia ser como eu, porque ele estava comprometido com ela e não comigo. – eu pensava

E então ele me levava na Montecristo no Shopping Iguatemi para ajuda-lo a escolher uma jóia para ela. Eu vou para o céu. Além de me envolver com um rapaz comprometido, eu ainda o ajudava a escolher jóias para a tal noiva. Era muita cara de pau.

Ah, mas confesso: eu adorava!!! Achava o máximo vê-la usando algo que eu escolhi. É, foi uma história sacana que vivi na vida, porque se a gente não tem uma história sacana pra contar, não tem graça. E ela tinha que beijar meus pés, porque eu arrasava nas escolhas e neste caso eu não sentia a menor inveja, já que eu não gosto de jóias.

Saímos sempre felizes da vida da loja, eu carregando o presente e o vendedor achando que éramos um casal formidável e que eu era uma moça de muita sorte, já que passava por lá mais uma vez por mês.

E mesmo assim eu não sei quanto um brilhante custa. Não lembro se compramos brilhantes. Eu não me interessava pelas pedras ou pelo valor da jóia. Eu me interessava pela estética dela e nunca soube quanto ele pagou por qualquer jóia que eu tenha escolhido. E eu sei que sou daquelas que tudo que gosto é sempre o mais caro [por isso me ferro tanto nas minhas finanças]. O caso durou pouco, mas como éramos amigos, eu continuei escolhendo as jóias.

E a moça ali com a mão esticada mostrando sua aliança de brilhantes. Era uma aliança de compromisso. O cabelereiro soltou:

– Coitado! Você encoleirou mesmo, hein? – e todos riram

– Eu expliquei para ele que uma aliança não quer dizer nada. Eu queria apenas uma aliança. E namoramos há três anos e eu achei que merecia uma. Não é linda? – e esticava o dedão e sorria satisfeita

As três amigas riam e falavam ao mesmo tempo.

– O meu namorado nunca vai me dar uma aliança. Se eu pedir uma aliança para ele, é capaz dele terminar o namoro. Já é provável que queira terminar comigo quando ver minhas unhas vermelhas.

– Não entendo como homem pode não gostar de unhas vermelhas. São lindas. – consolava a amiga

E a outra abria as mãos branquinhas e finas mostrando suas longas unhas vermelhas. Pensei em deixar as minhas vermelhas também, mas aí olhei e achei elas curtinhas demais para pinta-las de vermelho. Mãos pequenas, unhas pequenas. Gosto de mãos, mas tenho pânico que as minhas envelheçam. As mãos sempre entregam tudo!

Uma mais animada perguntou quando ela ficaria noiva. Ou seja, ela só queria uma aliança porque achava bonito, mas respondeu que em breve, afinal eram três anos de namoro, ela pediria uma aliança de noivado.

Às vezes nem eu entendo as mulheres. Ontem quando minha amiga desolada pelo aparente descaso de D [vide post “ex-pretê na roda”] confessou:

– Eu não entendo ele.

– Ué, mas como entende-lo se você vive dizendo que não se entende.

Isso sim eu não entendo. Eu me entendo tão pouco e acho que estou piorando. Acho muita pretensão querer entender as pessoas. A gente tenta, mas no fundo a gente não entende nada.

Agora vou enterrar a cabeça no travesseiro e voltar a Charles Bukowski, que tem sido minha companhia nessas noites solitárias.

–> ouvindo Bloc Party


momento histérico

Tenho meus momentos histéricos, afinal quem está livre deles? Ontem enquanto folheava uma revista feminina e lia um artigo sobre feminilidade, eu me perguntei e noiei “sou feminina ou não?”. Mandei um torpedo com a questão para meus dois melhores amigos, que costumam ser as pessoas mais sinceras possíveis [o problema está no “possíveis”].

Esperei na maior agonia e ninguem respondia. Eu os teria colocado num bico de sinuca? Longos minutos depois um deles me liga e já pergunta com um tom preocupado [era para responder e não perguntar]:

– Aconteceu alguma coisa?

– Claro que não. Apenas noiei.

A conversa transcorreu sobre todos os assuntos possíveis, inclusive sobre o Big Brother, que ambos assumiram estarem assistindo naquele momento, mas em nenhum momento minha feminilidade e meu charme foram incluídos na conversa.

Desliguei sem a resposta. Uma hora depois o segundo responde via SMS mesmo:

– Claro que sim!

Espero que ele não tenha mentido, pois a pergunta ainda martela hoje na minha cabeça, já que continuo em um momento histerico-inseguro-idiota-infantil. Antes de dormir ainda fiz as continhas para ver se eu estava na tpm, já que uma espinha despontava bem no meio da bochecha e a neura poderia ter alguma ligação com esse momento feminino altamente vulnerável. Não, mas no sonho eu menstruei o ano inteiro e mesmo assim a tpm irreal permanece impregnada em mim.

Hoje só vou ouvir Air, Arcade Fire e outras bandas fofas que não vão me exaltar.

O maior problema nesses momentos histéricos é que pensamos no ex que já esquecemos e ficamos imaginando o quanto seria bom estarmos juntos. Dá aquela vontade de ligar, mandar torpedo, dizer que está com saudades. E tudo isso parece tão real. O problema é que ele sempre sabia quando eu estava de tpm e pode desconfiar que tudo não passa de um mero momento vulnerável e histérico.

Agora me fale se não é a Björk cantando em “I´m sleeping in a submarine” do Arcade Fire? Eu queria tanto ter aquela voz infantil.

Estou naqueles dias que pedimos para o mundo fazer um pit stop para podermos tomar um pouquinho de ar e refrescar. No meu caso, eu queria uma taça de champagne.


filme pornô

Meu último flatmate ao sair do apartamento deixou um presentinho para mim: um dvd intitulado “Calouros do Sexo”. A capa azul com homens bem feios na capa nunca atraiu minha atenção o suficiente para eu assisti-lo. Ontem no msn eu e um amigo começamos a falar sobre filmes pornôs e eu o convidei para uma sessão em casa, pois no mínimo seria divertido.

A sessão pipoca rolou, mas não aguentamos nem dez minutos de filme de tão ruim que ele era. Filmes pornôs já costumam não ter a melhor qualidade, mas esse foi insuperável na má qualidade. Rolou um cunilíngua de dez minutos, que foi o suficiente para desistirmos do filme. O melhor para mim foi a abertura, em que uma música romântica tocava ao fundo, cada ator se apresentava e isso me lembrou aqueles powerpoints emotivos que as pessoas insistem em me enviar, mas eu não abro.

No final terminamos com pipoca e “Os outros” que passou na Globo ontem e foi a única opção de quem não tem tv a cabo em casa.

Acho que estou numa fase carente, precisando de abraços, beijinhos, cafuné e dormir grudadinha em alguém. E estou vendendo o dvd “Calouros do Sexo” e comprando “Delta de Vênus”.


grey monday

Foi deixado um comentário no meu último post dizendo que as mulheres não prestam. Isso cheira a machismo retrógrado. Como disse um outro leitor, quem não presta são os imprestáveis.

O que é não prestar? O que é prestar para alguma coisa?

Vamos ver: eu presto para conversar, para fazer rir, para organizar a casa, para ser amiga, para ser namorada, para ser amante, para dormir, para trabalhar, para fazer o bem, para tirar sarro e para um monte de outras coisas que não vem ao caso comentar.

Li em um blog há pouco que os homens são na maioria infiéis porque pensam mais em sexo do que as mulheres. Esse papo é o mais antigo. Eu o ouço desde que para mim sexo oral era quando as pessoas falavam sobre sexo.

Na época do colégio tinham as mais saidinhas, que chamávamos de “galinhas” e as mais recatadas [eu estava na listinha] eram as “legais”. Hoje eu já não sei mais como funciona essa divisão é o que é exatamente uma mulher galinha. É a que faz o que está afim e não quer compromisso? E esse é também o homem galinha?

Eu tenho um amigo que eu acho galinha. Ontem ele chegou em uma festa e logo estava se atracando com uma amiga, depois soube que ele tinha ficado com mais três além dela. Acho isso desagradável e até um pouco infantil. É o tal do “vamos ver quem beija mais?”. Ele virou piada e ninguém o leva mais a sério. Não sei o quanto ele consegue se divertir assim.

Quando eu tinha 17 anos, a maior preocupação minha e das minhas amigas era não chegar virgem aos 18, como se isso fosse ser uma mudança drástica em nossas vidas. Posso garantir que a maioria de nós chegamos. Eu logo comecei a namorar muito sério e três meses depois dei adeus ao selinho de garantia da minha virgindade. De lerda eu virei a moderninha da turma.

Na época uma amiga mais “saidinha” me alertou:

– Nada de fazer sexo oral, hein?

Eu não tinha chegado nessa etapa ainda, pois era avançar demais o sinal para mim, mas fiquei intrigada com a dica:

– Por que?

– Porque é vulgar demais e só puta faz isso.

– Entendi.

Fechei a boca, porque eu não queria que meu namorado me visse com olhos diferentes do que eu queria que ele visse. Claro, isso não durou muito. Não olhar com outros olhos, mas a boca fechada.

Hoje eu tento julgar o menos possível as pessoas. A gente fala que não julga, mas julgamos o tempo inteiro. Às vezes julgamos até por inveja, porque é mais fácil falar mal do que assumir uma invejinha besta, mas o assunto aqui é outro.

Ouvi um dia desses que raramente uma relação começa pelo sexo. Pode ser, porque seduzir aos poucos é uma delícia, mas se você fica com alguém e é bom demais, você quer repetir. Eu tive um namoro sério que começou assim, mas sei que são exceções.

Enfim… ando meio entediada com esse papo do que é certo, do que é errado, se você deve agir assim ou assado. Acho que pensar nessas coisas em plena segunda-feira não é a melhor idéia.

–> ouvindo Editors


síndrome de culpa

Quando vi no calendário que o feriado seria em plena quarta-feira, sorri feliz. Um feriado no meio da semana era tudo que eu precisava para dar uma relaxada. Você relaxou? Não? Eu também não.

Terça eu estava mais agitada que a cidade. Jantarzinho num restaurante frequentado por modernos endinheirados e penetras como eu. Expectativas de rever F, que me ligou e topou fazer a via-sacra noturna. Duas festinhas na mesma noite.

Encontrei F já na casa de um amigo. Fiquei vermelha ao cumprimentá-lo e não consegui olhar nos olhos.

Tenho alguns motivos para ter me sentido intimidada. Também senti um friozinho na barriga bem bobo. Logo relaxei, mas os movimentos passaram a ser calculados. Como somos tolos quando temos algum interesse a mais em alguém. Você vai ao banheiro para checar se a maquiagem está perfeita, se o cabelo está ótimo, se escolheu a roupa certa, olha para as mãos, pois caso as unhas não estejam feitas, elas não estarão em cima da mesa em nenhum momento.

Tudo em ordem. Sentei no chão e fiquei perguntando por onde andava minha criatividade para iniciar uma conversa com ele. Claro que saiu tudo embolado, fiquei vermelha novamente, levantei para pegar uma cerveja e relaxar, tropecei, derrubei a cerveja do meu amigo, quis sumir e então entrei debaixo da mesa.

Conversei com um, conversei com outro e demorei um pouco para voltar a minha atenção a ele. Tudo fingido, claro. Eu não lembrava muito bem do rosto dele, pois nos vimos apenas uma vez. Achei-o mais bonito, mais magro e não lembrava que ele tinha olhos tão azuis. Fiquei encantada.

A última vez que nos cruzamos o desfecho da noite foi meio conturbado e eu queria que dessa vez as coisas saíssem bem. Eu também queria que rolasse alguma coisa, mas achei pouco provável essa possibilidade.

Fomos para uma festa, depois seguimos para outra. Resolvi trocar de sapato e o convidei para ir comigo até minha casa, enquanto todos iam na frente. Queria ficar só um pouquinho sozinha com ele, mostrar minha casa e relaxar, porque eu não estava conseguindo.

Mostrei a casa para ele, troquei o sapato, peguei duas cervejas e quando estava saindo, ele sugeriu terminarmos a cerveja. Sentamos. E eu estava mais tensa do que antes. De repente, ele me agarrou. Fui pega de surpresa dessa vez, pois todo o discurso de “eu tenho namorada, amo, ela confia em mim, logo virá para o Brasil me encontrar e eu não posso fazer isso” martelava na minha cabeça, mas tudo pareceu não ter importância para ele naquele momento.

Eu sóbria, arrumadinha, bonitinha e ordinária [naquele momento] me sentindo acuada por um quase desconhecido com um discurso romântico, que fez eu me derreter e pensar “ah, por que eu não cheguei primeiro?”.

Depois de recuperar o fôlego, terminar a cerveja e me sentir mais à vontade [os franceses mesmo quando estão com pressa são ótimos – o sex appeal parece estar impregnado em todos os poros], fomos encontrar o pessoal, que fingiram ter nos esperado por apenas cinco minutos, pegamos cerveja, dançamos a noite inteira, tiramos muitas fotos, encontramos muitos amigos e então rolou nossa primeira DR* no segundo encontro.

Como a maioria das mulheres, eu adoro uma DR, tenho todo um discurso pronto, sou articulada, sei fazer chantagem emocional. Resumindo: sou detestável. Sei como começar uma e como termina-la a meu favor. Porém, para essa DR eu não estava preparada, afinal não temos nada um com o outro e muito menos foi eu quem começou a discussão, o que também é raro.

Tudo começou porque estávamos sentados em uma espreguiçadeira e eu, já embalada com a cerveja, não resisti e fui dar um beijinho. A pior coisa que pode acontecer a qualquer ser humano é ter um beijo recusado de alguém com quem acabou de ficar.

Ele se afastou e eu fiz aquela famosa cara de cu. E aí as cortinas se abriram, os tambores rufaram e iniciamos nossa DR, que foi a mais tosca que eu tive na vida e por sorte ando muito bem com minha auto-estima, senão eu teria me afogado na fonte que estava atrás de nós.

A conversa foi a mesma: tenho namorada, amo muito, quero ter filhos com ela, espero que ela possa vir para cá o mais rápido possível, blá, blá, blá.

Há pessoas que não tem noção da vida, de emoções, de relações humanas e muito menos da possibilidade de sermos sensíveis e nos sentirmos um lixo após uma frase mal colocada. Talvez eu tenha me sentido, mas felizmente durou dois minutos. Acho que estou numa fase “eu mais eu mais eu mais eu”. Que ela dure muito, porque já fui muito “eu menos eu menos eu menos eu menos eu”.

Como ando afiada a resposta foi [tradução superando o original]:

– Se você está se sentindo culpado por ter ficado comigo, o problema é seu. Sua namorada é um problema seu. Você não precisa me lembrar o tempo inteiro da existência dela. Eu já passei pela mesma situação que você [no caso eu era a namorada] e sei como é, mas é algo que você tem que resolver com você e não comigo. Você foi na minha casa, você me agarrou porque quis. Eu não estou esperando que você se envolva comigo. – [ok, eu menti nesse trecho, eu adoraria que isso acontecesse… hehehehe]

– E porque você fez essa cara?

Não disse, mas a vontade foi:

– Sou mulher, sou humana, sou sensível, tenho oscilações na minha auto-estima, tenho neuras, expectativas, vontades e às vezes não reajo bem às rejeições.

E disse algo do gênero:

– Porque você cortou o meu barato.

E ele começou a piorar a situação e falar algumas bobagens até eu mudar o tom da conversa e fingir que nada tinha acontecido, inclusive mesmo ter ficado com ele. E então relaxamos.

E eu me dei conta de que custa caro ser uma pessoa livre. Aliás, o que é ser livre?


o ex-pretê na roda

Minha amiga J ficou com D. Tudo começou com um amigo fofocando que ele a achava bonitinha [ou algo do gênero]. No primeiro momento eu me senti um pouco incomodada pelo comentário, mas por egoísmo, já que D e eu não temos nada a ver um com o outro.

Dei um empurrãozinho e disse a ela para se jogar, pois ela sempre falou o quanto acha ele lindo.

– Mas você não se incomoda?

– Não. Com ele não. A única regra é que você nunca fique com T.

– Nunca ficaria e nunca ficaria com alguém se isso fosse magoa-la.

– Vá em frente. Eu apoio. E se joga, porque ele é lerdo.

Rimos e ela ficou totalmente eufórica. Já tinha desistido de me acompanhar em uma festa, mas quando eu disse que seria a oportunidade de se aproximar, ela mudou de idéia.

O engraçado é porque a história se repetiu. No ano passado eu tive um rápido envolvimento com V, fiquei apaixonada, animada, mas as coisas sempre iam até um certo ponto e então, ele recuava. Isso começou a me incomodar até as férias de verão dele terminarem e ele voltar para o norte para concluir a faculdade. Me desliguei.

Já esse ano, trocamos alguns beijos quando estávamos meio fora de nós e então ríamos, até um dia que o lance foi forte e na hora H ele solta essa:

– Vamos parar. Não quero estragar a nossa amizade.

– Ahn? Vai estragar a amizade se parar onde parou!

Ele me soltou, virou e apagou.

Depois disso eu nunca mais deixei ele se aproximar de mim. Voltamos a nossa velha e boa amizade, dessa vez preta & branca. Minha amiga confidenciou que achava ele muito bonito e eu percebi que ele andava olhando diferente para ela. Dei um empurrãozinho e então começou a rolar uma história bacana entre eles.

– Mas você não se incomoda?

– Não. Com ele não.

– Se te incomodar, você fala, hein?

– Não temos nada, pode se jogar.

Não demorou muito para ela começar a ter o mesmo problema que eu, se encher e dar um chega para lá nele [se bem que até hoje não ficou claro quem deu um chega pra lá em quem].

Sou mesmo generosa, porque costumamos ser egoístas quando se trata de algum ex-algumacoisa. Eu saquei que vai me incomodar se for com alguém que me balançou demais, como T, como R. E aí vou ficar magoada.

Não resisti em brincar que os mais estranhos que surgem na minha vida são justamente os que ela se interessa.

Acho curiosa essa nossa relação com pessoas que passaram nas nossas vidas. Podemos não querer mais nada com fulano, mas se alguma amiga nossa se interessar por ele, há grandes possibilidade de colocar a amizade em risco. Quem já não viu essa história antes?

D e minha amiga vão namorar. Ele é pra namorar. Ela também e há tempos que anda querendo um namorado bacana e só tem se envolvido com pessoas que não valem a pena. Torço a favor. Torço contra.

Hoje ela me ligou pela manhã parecendo uma adolescente e me contou todos os detalhes. Estava animadíssima e já tentando fazer previsões.

– Vou deixar rolar.

– Sim, é melhor.

– Será que ele vai querer algo a mais?

– Você não disse que vai deixar rolar?

– Sim. O que você acha?

– Que você deve ir até onde você queira ir.

– Você não se importa?

– De novo essa pergunta? Eu fico um pouco preocupada.

– Por quê?

– Porque vocês dois são problemáticos demais. – e ri

– Ele é problemático?

– Ué, já te contei tudo sobre ele.

– Só pelo fato de ele comer apenas um tipo de peixe de um tipo de marca e fazer estoque em casa?

– Hahahahaha… isso é só detalhe. Ele tem toc e você terá que ser paciente.

– O que é toc?

– Então, pesquise na internet e já aprenda a lidar com pessoas com toc. Pelo menos ele é consciente do problema e trata. Merece uma chance. Fora que eu adoro ele e ele é bacana.

– Será que vai atrapalhar?

– Se você deixar.

E aí eu voltei a anima-la, porque sei que ela pode rapidamente se deixar levar pelos comentários toscos feitos num momento “estoucomdordecotoveloedaí?”, inconscientemente claro, afinal sou demasiadamente humana e felizmente eu estou longe da perfeição.

– Dê, você não se incomoda mesmo?

– É estranho, mas não me incomoda. Ele beija bem? [lembrando que o beijo que rolou entre nós foi ruim]

– Fui moldando e aí ficou bom.

– Então aproveita!

Depois mandei um email para D dizendo que ele me deve uma garrafa de vinho pelo empurrãozinho que dei.

Curioso foi chegar em casa no início da madrugada e me deparar com os dois no maior clima, pois até então ele ficava comigo batendo papo na sala e ela se distraíndo na cozinha. Fui dormir rindo.


french kiss

Fui a uma festa e lá estava eu dançando com amigos e um mocinho muito bonito veio conversar comigo. Quando rolou um beijo, eu achei que estava faltando algo. E estava faltando o principal num beijo: a língua!

Cochichei ao tal mocinho:

– Mas que língua regulada! – e ri

Ele riu e continuou beijando, porém do mesmo jeito. Aí não deu para continuar, porque para mim não existe meio beijo. Beija ou não beija. Ponto. Como ando sem meias palavras [eu ainda volto a fase da delicadeza e moça de bons modos]:

– Então, você beija mesmo sem língua?

– É que é muita intimidade, não acha?

– Ué, então não beija.

Ele me puxou de novo e eu me desvencilhei e voltei para ficar com meus amigos. Já divaguei um tanto sobre beijos.

Beijar é realmente bom demais, em especial quando há aquele encaixe perfeito, o beijo sem pressa, doce em que você vai explorando a boca do outro, sentindo a língua roçando na sua língua, o ritmo que aumenta e você não quer mais parar de beijar, de apertar, de abraçar. É o beijo que desperta todo o resto, acorda o corpo, causa arrepios, chacoalha. E tem gente que ainda curte beijar pela metade.


algumas questões sobre sexo

Enquanto eu zapeava com o controle remoto a procura de um programa interessante, vi uma chamada para um que era algo como “boas perguntas merecem boas respostas”.

Uma das perguntas era “você continuaria com alguém porque o sexo é fantástico mesmo o relacionamento não funcionando?”. Foi ouvir a pergunta e ter uma das minhas histórias vinda à tona.

A gente sempre brinca com o termo “amor de pica”. Não é nem amor, é paixão mesmo e daquelas avassaladoras. Quem não teve uma na vida? Estamos com alguém e não entendemos o porquê até o momento em que estamos no maior rala e rola. Chegamos a nos perguntar “como pode ser tão perfeito?”. E no fundo nem é.

Tive uma relação assim. A nossa história não funcionava, pois éramos completamente diferentes, queríamos coisas diferentes, nossas opiniões sempre divergiam, gostávamos de músicas diferentes, tínhamos estilos diferentes. Enfim, éramos completamente o oposto. Eu insisti no “os opostos se atraem”, mas hoje vejo que o único lugar que funcionávamos era na cama.

Eu percebi isso enquanto estávamos juntos, mas ao mesmo tempo eu negava que era só isso. Claro que não era só isso, pois havia várias coisas nele que me encantavam. O belo sorriso, a voz, a forma como olhava para mim, como me abraçava, as ligações no meio do dia, o jeito que cuidava de mim quando eu não estava bem. O problema é que ao colocar na balança os momentos turbulentos eram maiores que os momentos bons.

E aí vejo que não é simples responder esta questão, pois no primeiro momento a gente diz NÃO, mas quando estamos vivendo uma história assim, a gente quer mais é que ela continue.

Hoje quando trago esta minha história à tona as melhores lembranças é justamente esse encaixe que era tão perfeito que fica no topo delas.

E você, manteria um relacionamento apenas porque o sexo é magnífico, mas só ele funciona na relação?